domingo, 28 de abril de 2024

Quantos?! Tantos!

Aline Pâmela                 

Talvez a luz que vá
incendiar nossa vida esteja
no "não vai dar certo" que
insistimos em dizer!

Quantos "não vai dar
certo" já nos impediram de
arriscar?

Quantos caminhos
improváveis já deixamos
de caminhar?

Quantas bençãos já
deixamos de receber?

O quanto da vida já
deixamos de viver?

* Poema apresentado pela acadêmica Roma Azevedo no momento cultural da Academia Itaunense de Letras - AILE em 27/06/2024

sábado, 27 de abril de 2024

A pandemia da COVID! Reflexões de um médico.

 

Dr. Elvio Marques               

        Aos quatro dias do mês de dezembro de 2023, nossa turma da Medicina de Itajubá completará 40 anos de formatura! Muito chão, experiências, vivências, enfim quilômetros e mais quilômetros rodados; uma caminhada enorme. Mas o que isso teria a ver com a pandemia do Coronavirus?
        Passei nestes anos por várias tribulações como os surtos de meningite, H1N1, dengue entre outras, mas com o poder destruidor e avassalador do CORONAVIRUS, confesso que nunca ví antes!
        O mundo não é mais o mesmo, aliás existe hoje o antes e o pós coronavirus.
        Dizem alguns que o Criador permitiu esta doença entre nós por inúmeras razões entre elas para demonstrar nossa pequenez, a fragilidade do ser humano e para unir e fortalecer as famílias.
        Quem de nós não perdeu um parente ou conheceu alguém que nos deixou e olha que pessoas jovens e relativamente saudáveis morreram.
        Os desafios são enormes e em pouco prazo a ciência desenvolveu vacinas e assim muitas vidas puderam ser preservadas.
        Porém algumas pessoas relutam em tomar a vacina e se dizem fortes o suficiente por não terem adquirido a doença, mas se Sabin e outros cientistas fantásticos não tivessem desenvolvido vacinas certamente não viveríamos tanto nem alcançariam os cento e vinte anos hoje.
        Inúmeras lições aprendemos com a Pandemia do COVID: não podemos menosprezar a ciência; vacinas são bem-vindas; devemos estar atentos no dia a dia com relação ao que acontece no mundo; somos humanos frágeis e o mundo muda a cada momento com novos e inúmeros desafios.
        Não é concebível que este vírus tenha sido fabricado em laboratório, mas o livro sagrado fala em pragas.
        Enfim com o bom senso não nós esqueçamos das nossas limitações; viva a ciência!
        Que cada dia façamos o melhor de nós para nosso próximo e nós mesmos e não menosprezemos a ciência que existe para nos ajudar.
        Elvio Marques da Silva
        21/11/2022

terça-feira, 23 de abril de 2024

A magia da Flor do Ipê Amarelo

Maria Solange   

O ipê-amarelo e considerado a mais bela das árvores brasileiras. Além do potencial paisagístico, a sua madeira pode ser usada na construção civil, na marcenaria, na carpintaria e na confecção de barris para o envelhecimento de cachaça. Conhecidos, pela sua reisitência e durabilidade de sua madeira, os ipês também foram muito usados na construção de telhados de igrejas do século XVII e XVIII, o que permitiu a convervação desses patrimônios históricos ao longo de muitos anos.
Na época de inverno, são sempre notáveis os ipês nas margens da rodovia. É gratificante poder apreciar essa árvore majestosa em uma paisagem seca, que não passa despercebida pela exugerância de suas flores amarelas como ouro! É surpreendente a beleza dessa espécie, como seus tons vibrantes e florescem anunciando a chegada da primavera. Ela representa o canto da natureza, sempre resistente e generosa.
Vi, mas precisamente em 2021, em meados do mês de agosto, fiz uma visita de cortesia a um parente de 95 anos na fazenda pouso alegre, município de Formiga, Minas Gerais. Na oportunidade, tive o prazer de observar mais de perto a magia do ipê-amarelo. Sentados no alpendre de sua casa, ficamos em frente a um ipê bem florido.
 Conversa vai conversa bem, fiz uma observação sobre a nobre e a beleza das flores da árvore logo, o senhor me perguntou se eu já vi observado com a sua flor cai no chão. Eu disse a ele que nunca tive a oportunidade de ficar observando esse fenômeno. Então, ele me convidou a olhar e prestar atenção com quietude.
 Aceitei prontamente o convite e fixamos nossos olhares na frondosa árvore sem desviar os olhos, ficamos observando como são exuberantes aqueles cachos de flores em amarelo intenso. Assim, ele foi relatando o que estávamos vendo e observamos que as flores possuem uma forma de funil, como se fossemos uma cornetinha. Quando elas desprendem do galho, com a ação do vento, vão rodando de forma helicoidal e caem no chão com o caule para baixo e a flor para cima. Esta constatação e experiência deste momento único nos proporcionaram uma alegria e energia arrebatadoras, de leveza e paz n'alma.
 Ao caírem no chão, as flores formam um tapete amarelo debaixo da árvore. Elas são muito frágeis e com três meses se perdem ponto na época da floração. Com a pastagem como a pastagem está muito seca, o gato também se beneficia com um novo cardápio, alimentando-se com esses banquetes de flores amarelas. O sábio senhor relatou que não é salgado que gosta da Flor do Ipê: as maritacas também apreciam muito.
 Encantada com a oportunidade de observar de perto o ipê-amarelo, despertou meu interesse em ler mais e realizei pesquisas sobre esta espécie ponto descobri que alguns estudiosos concluíram que o ipê é uma planta comestível e suas pétalas têm um leve amargor, além de uma fragrância adocicada com o seu sabor se compara ao da alface ou almeirão. As pétalas podem ser cozidas ou cruas, servidas em saladas temperadas com limão, molho de soja e azeite, ou então acompanhadas de legumes, salteadas e douradas com alho e manteiga.
 Ainda, durante a pesquisa, li um dito popular que diz que a flor de ipê não cai na poeira. Ou pelo menos não caia quando o clima tinha certa regularidade. A floração do Ipê Amarelo do Cerrado ocorre entre os meses de agosto e setembro e dura aproximadamente 15 dias. Isso quer dizer que irá chover dali a 15 ou 20 dias, quando as flores caíram para dar início ao nascimento da sementes que delicadamente viajam pelo vento até cair nas proximidades.
 Bem no final do inverno, os dias são secos e a árvore se mostra em meio à sequidão, como uma liberação de raios solares em suas flores amarelas. É mágico e belo que acontece. Como um ritual, o ipê desenha sua trajetória de transformação. Esta é uma celebração de Pura Magia e encantamento! A certeza da renovação da volta do colorido em meio ao cinza, do frescor e das bênçãos primaveris


 


domingo, 21 de abril de 2024

Tiradentes

 

Raimundo Rabello   

        A família de Tiradentes foi declarada "infame" e proscritos seus membros, pelo regime português, na Devassa da Inconfidência, sofrendo consequências jurídicas pérfidas em tal situação, como sequestro de bens, casa arrasada e salgado seu chão. O mesmo que acontecerá com o herói da resistência de Pitangui, Domingos Rodrigues do Prado, (...).
        Quando a sorte do Vigário de Pitangui, o padre-doutor Domingos da Silva Xavier, não deve ter sido ela menos penosa, ainda que talvez tenha ficado (além da perda do irmão) só no terreno da humilhação que as autoridades impunham aos parentes dos condenados pela revolta de Ouro Preto. Isso talvez porque, no regime do Padroado, o Rei não confrontasse a Santa Sé. A tonsura era respeitada - os padres eram ministro de Cristo. Mesmo aqueles responsáveis por ilicitudes e crimes comuns, tratados com benevolência, costumes corrente, curial.
        Não era o caso. A família de Tiradentes estava alijada da sociedade. Estava juridicamente morta. Viveriam como árias. O crime do Vigário da Vara da Freguesia da Vila de Nossa Senhora da Piedade de Pitangui, era o de ser irmão de Tiradentes.
        O fato é que nada se encontra nos arquivos da Paróquia em que atuou o Padre Domingos até o suplício de seu irmão, Protomártir da Independência.
Daí a pertinência da opinião - que reproduziremos a seguir - expedida pelo pitanguiense monsenhor Vicente Soares, outro Vigário da Vara da Freguesia, estupefato por não haver encontrado nada sobre o padre Xavier, irmão de Tiradentes, nos arquivos da Vigararia local, em cujos documentos pesquisou por longos anos para editar sua preciosa obra A História de Pitangui. (Os registros que encontrei e citarei são da esfera cível, que a mão da repressão não teve modos talvez de destruir). Foram 13 anos como Vigário da Vara e advogado, até a prisão dos Conjurados.
        Eis o que anotou o percuciente reverendo historiador:

"Possivelmente a infâmia decretada contra a memória do glorioso mártir da Inconfidência Mineira (Tiradentes) haja contribuído para que não fosse lembrada em Pitangui a atuação do Padre Domingos da Silva Xavier" (Soares, Padre Vicente. A história de Pitangui. 1972, pág. 343)

[...]

Para saber mais sobre esta história leia as págians 256ss da Revista a Academia Itaunense de Letras - Volume 2, de 2022...

Tiradentes de agora

Phonteboa           


No Romanceiro da Inconfidência ecoa,
A saga de Tiradentes, audaz e forte,
Que pela liberdade se entoa,
Em versos que o progresso suporta.

Do herói mártir, a voz ressoa,
Nos cantos que o futuro conforta,
Em cada verso, a história se avoa,
Com a coragem que o país transporta.

Tiradentes, símbolo de luta e esperança,
Que inspira novos tempos brasileiros,
Em sua trajetória, a mudança avança,

Erguendo bandeiras de ideais verdadeiros,
Seu nome ecoa na história, criança,
Desafiando forças reacionárias, passageiros.


quinta-feira, 18 de abril de 2024

Emanharado de Emoções

 Maria Vilela George      

Estas fitas são partes
Que formam um conjunto, tudo junto
Há neste conjunto partes distintas
Que se olhadas bem de pertinho
Elas têm algo especial
Apesar de parecer tudo igual.

Umas são compridas, outras curtinhas
Uma são duras, outras suaves
Essas aqui, mas grossas e densas
Ah, essas fitas, cada uma com suas cores.
Tão diferentes e tão iguais
Que acabam sendo bem originais.

Essas fitas com suas belas cores
Se parecem com minhas emoções
Fico vermelha de raiva
Azul de tristeza e até verde de pavor
E minha face fica assim rosada
Quando o coração explode de amor.

E radiante como um sol amarelo do meio dia
Fica este este coração menino
Quanto se enche de alegria
Ah, essas fitas, essas emoções
Tudo junto, formando este belo conjunto
Que sou eu, que é você, que somos nós.


domingo, 14 de abril de 2024

A solução final, destruir ou construir?

Lauer Araujo                


        Constatamos que muitos seres vivem no mundo de fantasia sem perceberem que a realidade os ronda exige um correto posicionamento.
        Erros e equívocos vêm se acumulando ao longo dos séculos -  as falhas são repetitivas -  o que provoca imensos prejuízos.  não se pode falar de evolução quando a vida é vivida com base em falsos conceitos e preconceitos.
        Ainda que a humanidade tenha feito progressos fantásticos nos campos da arte, da ciência e da tecnologia, percebe-se notadamente que, nos campos da moral e da ética, a decadência se acentua celeremente.
        Acentua-se a decadência com tendência para a destruição!
        Como? Não é possível, então, a reconstrução da sociedade com base em tudo de bom que já existe, um recomeço?
        Parece que não!  As mentes humanas estão apinhadas com pensamentos destrutivos, demolidores, que tarefa inglória será tentar reconstruir a sociedade.
        Mas, as mentes humanas, estas sim, podem ser revitalizadas através de sua reorganização, de seu ordenamento mental e moral. 
        Como isso é possível?
        Estamos aprendendo que são os pensamentos os que dominam as vidas dos humanos; estes ocupam o campo mental e impõe a sua vontade para os seres.
        Não há liberdade de pensamento. Os seres -  na sua maioria -  são escravos dos Pensamentos, impostos por eles mesmos ou por terceiros.
        Há que fazer, então, uma limpeza Mental para expulsar os pensamentos indesejados os de índole negativa e os que nada oferecem para a evolução dos seres humanos.
         E Quem fará isso?
        Ora, os próprios seres, considerando que cada um deveria ser dono de sua própria vida, de sua existência, e seus feitos, de sua conduta.
        Como isso é possível?
        Da mesma forma como, ao longo da história, alguém incutiu nas mentes humanas pensamentos de índole negativa, como afirmamos, também é possível ali incutir pensamentos de índole positiva.
         Assim como se pode fazer o mal, um dia, agora se fará o bem.
        Desta forma, amparando a vida nos conhecimentos transcendentes, os que estão além dos conhecimentos comuns, a vida individual se transformará gradualmente, progressivamente.
        E quando uma considerável quantidade de homens e mulheres isso houverem compreendido, transformando suas vidas, o conjunto humano mudará a sua apresentação.
        A partir daí, então, uma nova sociedade irá surgindo e no lugar da velha e decrépita cultura que encarna em uma civilização precária, surgirá um admirável mundo novo, um mundo no qual valores e Virtudes de ordem superior serão mais bem praticados.
        E já não haverá mais choro e ranger de dentes, cujos maléficos e incômodos ruídos -  miasmas assustadores -  aos poucos desaparecerão, para dar lugar a um canto feliz, sinônimo da alegria e da felicidade que invadirão os corações humanos.
        Some a distopia e não se cria utopia: teremos um mundo real, maravilhoso, pleno de energia superiores e virtudes essenciais.
        Os pessimistas dirão que tudo isso é impossível, que é sonho irrealizável.
        Otimistas afirmarão que tudo isso acontecerá por determinação divina.
         Realista considerarão que os esforços despendidos pelos seres poderão tornar efetivas tais conquistas, sempre com muita dedicação, muito afã na busca dessas expressões superiores de vida.
        Chegará o tempo em que todas essas visões poderão ser confirmadas.
        Enquanto se espera vamos trabalhando incansavelmente para a vitória final.
        Há que se decretar a verdadeira Independência: a que depende da evolução do espírito individual e formula -  dentro da vida atual uma nova vida -  a que sustentará a realidade de um admirável mundo novo.

(Conclusão do artigo “Admirável mundo novo” publicado na Revista da Academia Itaunense de Letras - Volume II, págs. 173-176)


Que Viagem!

José Flávio              

Por vezes uma ameaça de insanidade me assombra.
É terrível! eu literalmete perco o controle.
Eu tenho medo de sentir-me vazio, um vácuo sem
[minha própria essência.
Sinto-me tão frágil!
Temo enlouquecer.

O grande problema são as pessoas que estão ao
[meu redor, mais próximas de mim.
Eu não quero infligir minhas preocupações ou
[obessões a essas pessoas.
Os delírios são todos meus. Eu devo mantê-los
[apenas para mim.

No entanto, da mesma maneira que ela vem e me
[acomete;
Ela parte e eu recobro a minha sanidade,
É algo indecifrável! eu não consigo, de fato,
[entender as minúcias.
Talvez apenas o meu psicanalista consiga
[desvendar a coisa por completo.
Pode ser que o remédio ajude.
Isso pode ser causado por um desequilíbrio
[químico do cérebro.
Eu realmente não sei.

Nos momentos de angústia, medo e ansiedade
[nós sempre tendemos a recorrer a Deus.
Eu confesso que eu sempre conser o um pouco de
[fé,
Eu preciso manter alguma esperança também.
E depois que tudo acaba,
O que eu sinto é apenas um grande alívio;
E a expectativa de que isso jamais se repetirá.

Que Deus cure todo o sofrimento e feridas
[emocionais que afligiram minha alma.
Baruch Hashem Adonai!
(Louvado seja o Nome do Eterno!)

Hamilton, Ontário, Canadá - 23/02/2022.

sábado, 13 de abril de 2024

"Segredos Infernais em busca de redenção"


Mikael Thomas  
 PRÓLOGO

Finalmente abro os olhos depois de uma péssima noite de sono, os olhos ardendo de tanto chorar e uma dor de cabeça incessante. Me levanto e vejo o estado de meu quarto, meus lençóis desarrumados, minha cama revirada e... Ah, não! um corpo ensanguentado no meu tapete!

O pesadelo foi real, tudo é real, as instruções foram claras, para sobreviver preciso fazer isso... Ah... Você não deve estar entendendo nada, não é?

Tudo o que me lembro é acordar neste lugar, preso nesse quarto, sem lembrar meu nome, e pura escuridão...

Não sei o porquê de estar aqui, nem quem me prendeu aqui, só sei que eu preciso fugir, preciso desaparecer senão B vai morrer...




sexta-feira, 12 de abril de 2024

UM PEDAÇO DA HISTÓRIA DO CARNAVAL DE ITAÚNA


 

Por Phonteboa

                Hoje, dia 12 de abril de 2024, ocorreu o lançamento do magnífico livro “Carnaval: uma explosão de alegria + causos” de Sérgio Nogueira, o nosso “Sergio Tarefa”. A importância desse livro vai ser reconhecido ao longo de sua própria história, tanto da história que ele conta, quanto da história que se fizer depois dele. É um livro de cultura, de cultura popular, da cultura feita por todos os seguimentos sociais. Sua importância é, portanto, exponencial. Só não sabe disso o Secretário de Cultura, que não compareceu ao evento de lançamento, nem mandou representante. Lamentável! Fato que faço questão de registrar. Mas voltemos ao livro: O livro é composto por 534 páginas, com mais de 570 fotografias, sem contar fotos de publicações em jornais de época e ainda inúmeros causos. É um livro de memórias, de curiosidades, de história e principalmente de referência, ou seja, de consulta para futuros estudos e de cultura. Um brilhante trabalho de Sérgio Tarefa.
                A obra foi prefaciada por Raimundo Rabello, um dos maiores carnavalescos de Itaúna, compositor de samba enredo, puxador, folião e historiador. Sua presença no prefácio desta obra, por si só, é a demonstração do quanto esta obra é importante. Mas para não ficar em minha mera opinião, transcrevo uma pequena parte do livro para que você leitor possa mergulhar na própria áurea da obra. Assim começa a obra de Sérgio Tarefa:

Não se sabe ao certo quando surgiram os bailes de carnaval e os desfiles de rua em Itaúna. Os primeiros registros de que se tem notícias são da criação do “CLUBE UNIÃO OPERÁRIO ESPORTE CLUBE, em 1929, que funcionou inicialmente em um cômodo alugado na Praça da Matriz e era presidido pelo Sr. Isaurino do Vale e Sr. José Herculano Pereira, e que só realizava danças de salão. Em 1936, surgiu o CLUBE FLOR DO MOMO”, com sede na Rua Santana e tendo como Diretores os irmãos Antônio Quirino da Silva e Joaquim Quirino da Silva, também dedicado a danças de salão nos primeiros anos de funcionamento.

Em 1944, um grupo nascido na Rua da Ponte que se denominava “BLOCO FLOR DO MOMO”, o mesmo nome de um clube social instalado em 1936, na Rua Santana, mas entidades diferentes. Foi a família de Antônio Tomás que teria começado com o desfile do “Bloco da Flor do Momo”, que subia a Rua Silva Jardim e desfilava na Praça da Matriz. Depois do “Bloco da Flor do Momo”, outros grupos começaram a surgir. Assim surgiu a “BANDA DO CAROÇO ENCRAVADO”, que trazia instrumentos musicais confeccionados na oficina do Zeca Franco, usando bacias velhas, urinóis, frigideiras e outros objetos domésticos. A banda era composta pelo próprio Zeca Franco, pelo filho Afonso, por Zé Caldeireiro e por alguns ferroviários locais.”

Que saber mais?... Entre em contato com o autor, adquira o livro e delicie com as fotografias e com os registros da inúmeras bandas e blocos de carnaval de nossa cidade: Banda suja, Sai da Reta, Pau de Gaiola, Bloco dos Farrapos, Blogo das Virgens, Bloco do Eu Sozinho, Banda Esplendor e Glória, Zulus, Unidos da Ponte, etc... Não dá para não ler! Uma história que vale a pena conhecer e reconhecer!

 Parabéns, Sérgio Tarefa!


terça-feira, 9 de abril de 2024

Jardineiro de flores, frutos e almas

Prof. Arnaldo de Souza Ribeiro


“Justificar tragédias como “vontade divina” tira da gente a responsabilidade por
nossas escolhas”.
Umberto Eco. Nasceu no dia 05 de janeiro de 1932, em Alexandria, Itália e
faleceu no dia 19 de fevereiro de 2016, em Milão, Itália. Escritor, filósofo,
semiólogo e Prof. da Universidade de Bolonha.

    As pessoas que se dirigirem ao Bairro Santanense – Itaúna, MG e o fizerem pela Avenida Dr. Miguel Augusto Gonçalves, quando chegarem ao seu final encontrarão “um oásis” que faz bifurcar o asfalto. Encontrarão também uma estátua do Cristo Redentor e um oratório em homenagem à Nossa Senhora Aparecida, circundados por um jardim com árvores ornamentais, flores e palmeiras imperiais, local onde várias pessoas acorrem para suas orações, reflexões e suplicas ou tão somente para se sentarem em um de seus bancos e usufruírem da beleza e da paz que o lugar propicia. E disso sou testemunha, pois este “oásis” encontra-se no trajeto de minhas rotineiras caminhadas.
    Sabe-se que as obras úteis e de relevância não surgem somente do desejo, mas sim da determinação e do trabalho diuturno de quem as idealizou. Enquanto contemplo a obra e as pessoas que a ela acorrem, contemplo também a pessoa que a idealizou, que a vivifica e a preserva com o seu trabalho diuturno e filantrópico.
    O idealizador e responsável deste “oásis” é o sr. Túlio Sérgio Santos Silva que, com aquiescência e apoio do Poder Público Municipal, o iniciou no dia 26.05.17 e o faz com a consciência de que, além de produzir flores, frutos e oxigênio, propicia que as pessoas que o frequentam também possam revitalizar suas almas.
    Embora, muitas vezes criticado e questionado por que o faz, conforme assevera:
— “Às vezes sou criticado e até me perguntam por que faço isto? Se sou empregado da Prefeitura e quanto ganho?
    Respondo: sou empregado da natureza, a reconheço como um presente de Deus. Além de conhecer o seu valor e a necessidade de preservá-la e, se hoje vejo flores, se colho alguma fruta, é porque alguém, que me antecedeu, as plantou e delas cuidou. Estou somente a retribuir.” Desse modo, ele, além de ensinar com atos, também o faz com palavras.
    Registre-se que o seu trabalho não só circunscreve ao “oásis”, ele o ampliou para a margem direita da Avenida onde plantou dezenas de árvores ornamentais e frutíferas, entre elas: abacate, goiaba, jabuticaba, jambo, manga e urucum. Em breve essas árvores crescerão e produzirão sombra, flores e frutas para aqueles que por lá passarem e, sobretudo, para os pássaros que, expulsos de seu habitat natural, são forçados a migrarem para as cidades em busca de alimentos.
    A magnitude do trabalho desenvolvido pelo sr. Túlio, clama por mais seguidores, neste momento em que o planeta sofre com os desmatamentos e, consequentemente, com o aquecimento global. E o Brasil tem dado sua valiosa contribuição para este desastre climático e o faz em três frentes: destruição da mata atlântica, do cerrado e da Amazônia. O que se comprova com as notícias dos jornais escritos, televisivos e eletrônicos e, ainda, com as intempéries da natureza, marcadas pelos frequentes temporais,
enchentes, deslizamentos de terras e aumento da temperatura.
    Em termos de trabalho individual sempre há de ser lembrado e citado o realizado pela jovem sueca Greta Thunberg, que, no dia 20 de agosto de 2018, iniciara sua campanha em defesa da natureza, com vistas à redução do aquecimento global, em frente ao Parlamento Sueco com a sua emblemática placa com os dizeres: “Skolstrejk för klimatet”. Em pouco tempo angariou adeptos e seguidores em todo o mundo, além de conscientizar milhares de pessoas da imperiosa necessidade de proteger o planeta.
    De igual modo, espera-se que o emblemático trabalho do sr. Túlio seja respeitado e seguido por outras pessoas, em outros bairros de Itaúna e demais cidades do Brasil e do mundo, para o bem da natureza, que é fonte de vida e indispensável para a promoção de um futuro saudável.






Uma viagem de lotação - O “esporte” mais radical do planeta!

 

Sérgio Cunha       
(texto produzido em 1990, em uma bem-humorada abordagem à situação do transporte público em Itaúna)

    Sempre vejo na tevê, reportagens sobre os esportes radicais. Uns escalam montanhas, outros pulam delas. Alguns outros surfam no espaço. Tem também aqueles atletas que fazem questão de subir e pular das montanhas, surfar no espaço e, ainda, experimentar o friozinho na espinha, quando praticam o “bung jump” e coisas do gênero. Eu, grande atleta dos levantamentos de copo de fim de semana, tenho nas viagens de lotação o esporte mais radical como prática. E quem acha que andar de lotação não é esporte radical é porque nunca experimentou a viagem.

    Uma “boa” viagem de lotação, logo após o almoço, por estradas esburacadas, cheias de curvas ou calçamento, é “esporte” dos mais radicais. No calçamento, temos a impressão de que estamos sendo repartidos em centenas de pedacinhos. Até a voz da gente se quebra. E-u-j-á-v-i-v-i-g-e-n-t-e--t-e-q-u-e-q-u-e-b-r-a-r-a-a-a-d-e-n-t-a-d-u-u-r-a-a (ufa, parou um pouquinho), tentando falar quando o lotação segue pelo calçamento. Teve até o caso do cidadão que viu seu olho de vidro “saltar” do globo ocular, ao tentar ler (com o olho são, é lógico) uma notícia de jornal. Em rua esburacada, principalmente para quem anda no banco de trás, a experiência é inesquecível.

    Dia desses, num baque que o lotação deu ao passar sobre um buraco, uma mocinha que estava no banco de trás caiu sentada no colo de um passageiro que ia no banco da frente. O rádio do velhinho mudou de emissora, uma mulher ficou com os seios (enormes) para fora do vestido e as lentes de contato de uma bichinha caíram no saquinho de pipocas do casal de namorados.

E as curvas? Não há montanha russa que supere. Lotação velho fazendo curvas a sessenta quilômetros por hora é coisa para ocupar todos os santos que a gente conhece... “Valha-me Santo Antônio, São Pedro, São Judas, São José...e o ‘são motorista da curva perigosa... ai!"

    Mas até agora só falei das coisas “normais” de uma viagem de lotação e já tem atleta radical morrendo de inveja. Pois é, rapaziada, vocês vão babar com o que eu vou contar a seguir. Entrei no lotação pela manhã e, por acaso, eu estava atrasado e o veículo lotado. Levava agenda, um livrinho para distrair no percurso e um minigravador. Ao meu lado encostou uma mocinha na formosura dos 15 aninhos. Atrás dela um séquito de rapazinhos uniformizados. Estudantes, detectei. Nos assentos, várias crianças que não pagaram passagem. Suas mães, fingindo que não conheciam ninguém para não precisar ceder o lugar dos “anjinhos”. Um menino tirava melequinha do nariz e limpava no cabelo da coleguinha.

    Tentei me concentrar no livro. Mas, na primeira freada, bati com o livro e o gravador na cabeça de um senhor e o livro foi parar dentro da sacola de uma senhora que estava no banco da frente. A mocinha formosa teve que se virar para não ser esmagada pelos estudantes que, em conjunto, aproveitaram para dar uma “esbarrada” nela.

    Recompostos, seguimos viagem. Um ponto à frente, entrou uma senhora, daquelas gordonas, pesando mais que cem quilos. Aquelas arrobas todas, um verdadeiro mulherão, sobrando carne/gordura para todo lado, se dirigiu para a roleta. Eu quis pedir para ela não fazer aquilo, mas não deu tempo. A dona redonda “entalou” na roleta. Aí, começou a maior gritaria: 

    - Pára motorista. Socorro. Me tira daqui!!!, implorou a dona gorda.

    - Cruuuzes, a mulher entalou, tadinha!!!, gritou o rapazinho afeminado.

    - Pô meu, a gorducha “sifu”... comentou o descolado.

    - Ó meu Senhor, ajudai-me. Vade retro satanás!, apressou-se a evangélica.

    Lá estava a gorda, bufando, suando muito e tentando se mover. O lotação parou. Fomos todos ajudar, afinal, esse era o nosso dever.

    - Puxa ela... não, empurra... passa graxa nela que escorrega e sai...

Palpites não faltaram. Mas com tantas tentativas a mulher não se movia um centímetro. Um rapaz tentou empurrá-la pela barriga.

    Aconteceu o que eu temia: um ruído abafado (fffuuuuufufiiiuuu), acompanhado de um cheiro de ovo chôco, tomou conta do local. As janelas, que até então estavam fechadas, se abriram como se fossem automáticas.

    Passado aquele momento, resolvemos organizar um grupo de salvamento e preparar um ‘esquema tático’, como disse o desportista, para solucionar o problema. Eu, como sabiam, homem das letras, fui escalado para fazer a ata de fundação do “primeiro grupo de salvamento para acidentes e incidentes com coletivos na cidade de Itaúna”. Também tive que secretariar aquele primeiro “trabalho” da entidade recém-criada.

    Várias outras funções foram distribuídas por um mestre-de-obras que assumiu a direção da empreitada. Partimos então para elaborar um plano minimamente exequível. Depois de discutirmos os prós e os contras da ação, resolvemos que duas turmas de dez homens cada uma, trabalhariam no local. Os dez primeiros empurrariam a senhora obesa pelas costas, nádegas (e que tamanhão) e onde mais pudessem colocar as mãos. Os outros dez puxariam nossa “vítima” pelos braços, pernas, cabelos, beiço, orelha, etc...

    Depois de muito forçarmos, a senhora desentalou, provocando um estrondo com a pressão e atingindo os dez que a puxavam, em cheio. O saldo foram algumas avarias e costelas quebradas. Um aaahhhh, de alívio, percorreu todo o lotação quando, finalmente, o motorista deu partida para retomarmos a viagem. Andamos por mais uns 600, 700 metros, quando uma outra senhora obesa fez sinal para o ônibus parar. Um senhor, magrinho, com jeito de anêmico, que até então permanecera calado, gritou para o motorista:

    - Se parar o ônibus eu vou dar uns tiros aqui dentro!

Seguimos viagem. Vinte minutos depois, chegamos ao centro da cidade, todos descabelados, empoeirados, com as roupas amassadas, mas com aquela cara de burra felicidade dos atletas que optam pelos esportes radicais.


(Publicada nos jornais Spasso e Folha do Povo, da cidade de Itaúna-MG) 
Este e outros textos, estão lá no meu blog: sfcunha.blogspot.com


segunda-feira, 8 de abril de 2024

Infinito

 Elina Dirce (Tia Elina)


Passos firmes, erguida a fronte,
Sigo em frente, rumo ao horizonte,
Sem me deter. Sei onde piso.
Nos lábios, leve sorriso
Pela alegria de um novo dia.
Ao longe, o azul da montanha.
Meu lugar não é aqui...
Nem ali...
É muito além.
Do fio, da montanha, da artimanha...
É muito aquem do que fito...
Meu lugar é o infinito.

(BERNARDES, Elina Dirce de Oliveira. Paçoca de Pilão. (no prelo). p. 46)



Imagem de Vaynakh no Freepik
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DEUS

Magella Moreira


 Experimente misturar um punhado de sal na água e de a uma pessoa para beber sem que ela saiba que aquilo se trata de uma mistura.  A água continuará cristalina como era antes do sal ser acrescentado, porém em um único gole a pessoa conseguirá sentir o sabor salgado na boca.

Assim é Deus!


Você não precisa vê-lo para saber de sua existência, apenas sente. Trata-se de uma questão de intimidade e de experiência na fé. Mas eu sou ateu e não acredito que Deus exista! Basta só que o avião comece a cair ou que sua cabeça esteja na mira de um revólver de um bandido, que num piscar de olhos o primeiro nome que você chama é o Dele.

Indiferente da religião, Deus é um só, mas nos dias de hoje é legal ser diferente. O famoso efeito manada faz com que uma maioria não pensante questione a Sua existência. E está tudo bem. Deus não precisa de você, é você quem precisa Dele! 


Imagem de jcomp no Freepik
Disponível em: "https://br.freepik.com/fotos-gratis/oracao-espiritual-maos-sol-brilhar-com-obscurecido-bonito-por-do-sol_3952177.htm





domingo, 7 de abril de 2024

Sob o olhar de suas mãos

Phonteboa        
Seus olhos eram cheios de vida,
Mas quando queria ver melhor,
Ela usava as mãos.
Os olhos não tateiam - dizia ela,
São incapazes de texturas,
Formatos e profundezas...
Os olhos são limitados a sombras e luzes!
Não aprenderam a percorrer contornos.

As mãos são mais capazes 
E vão além dos contornos.
Os dedos sobem e descem cavidades.
Só precisam de um pouco de treino
E de saberes...
E muita, muita imaginação.

Como nossos olhos carecem de imaginação!

Foto: Iloyd_Newman - 
uso gratuido sob a Licença da Unsplash


Quantos?! Tantos!

Aline Pâmela                  Talvez a luz que vá incendiar nossa vida esteja no "não vai dar certo" que insistimos em dizer! Quan...